O Brasil é um terreno fértil para a pesquisa de novos fitoterápicos. Boas descobertas não param de brotar e uma das mais recentes tem suas raízes no Laboratório de Farmacologia Neurocardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Ali se revelou que uma de nossas espécies nativas, o chapéu-de-couro, pode ser muito eficaz no combate à hipertensão — um benefício que, diga-se, já era conhecido popularmente, mas que só agora começa a
ganhar o aval científico.
Os pesquisadores primeiro usaram substâncias capazes de contrair as artérias de coelhos para simular o que ocorre na hipertensão, quando os vasos sangüíneos parecem viver no maior aperto. Então, notaram que o extrato da folha do chapéu-de-couro conseguia relaxá-las. Sem se dar por contentes, repetiram o teste do extrato, mas dessa vez em ratos que eram hipertensos por natureza. "Outra vez os vasos sangüíneos se dilataram e, com isso, a pressão baixou", conta o farmacologista Eduardo Tibiriçá. Segundo ele, que coordenou a investigação, os resultados se assemelham àqueles produzidos por drogas existentes no mercado.
A aposta de Tibiraçá é de que o segredo do chapéu-de-couro atenda pelo nome de glicosídeo cardiotônico. O nome estranho designa uma molécula capaz de bloquear a ação do hormônio adrenalina. "E, de fato, a adrenalina faz a pressão subir", comenta.
A biomédica Bruna Polacchine é autora de outro estudo com a erva, este realizado na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. "A planta também tem um efeito diurético que contribuiu para o controle da hipertensão", observa. Justamente por aumentar a eliminação de urina, o chá feito de chapéu-de-couro é consagrado, no uso popular, para tratar problemas renais. Ele também tem fama de aliviar inflamações diversas e acelerar a recuperação de lesões de pele. "A espécie está cheia de taninos, componentes fungicidas, bactericidas, cicatrizantes e anti-inflamatórios", enumera Bruna Polacchine. "Tem ainda boa quantidade de flavonóides que reforçam o efeito contra inflamações. Tudo isso junto pode explicar os benefícios descritos pelo povo. Mas, do ponto de vistacientífico, fique claro, a gente precisa de vários estudos para comprovar essas outras atuações", diz ela.
O próximo passo é avaliar a toxicidade do chapéu-de-couro para estipular a dose ideal a ser utilizada como medicamento — aquela que porá a pressão nos eixos sem comprometer a sua saúde.
A RECEITA DO CHÁ
Antes de experimentar, claro, converse com o seu médico. Se ele aprovar, compre folhas secas de chapéu-de-couro em uma farmácia de produtos naturais. E atenção: confira se a embalagem contém o registro do Ministério da Saúde. Ponha 2 colheres de chá dessas folhas em 1 xícara de água. Então ferva por três minutos, abafe e espere mais 15 minutos. Coe e beba imediatamente. Faça isso duas ou, no máximo, três vezes por dia, nunca mais do que isso.
Antes de experimentar, claro, converse com o seu médico. Se ele aprovar, compre folhas secas de chapéu-de-couro em uma farmácia de produtos naturais. E atenção: confira se a embalagem contém o registro do Ministério da Saúde. Ponha 2 colheres de chá dessas folhas em 1 xícara de água. Então ferva por três minutos, abafe e espere mais 15 minutos. Coe e beba imediatamente. Faça isso duas ou, no máximo, três vezes por dia, nunca mais do que isso.
Para tratar lesões de pele, prepare o chá da mesma maneira, mas aumentando a quantidade de folhas para 4 colheres de chá. Espere esfriar e aplique em compressas sobre a lesão. "O tanino desse chá é anti-séptico e ajuda na cicatrização", garante Denise Polato, farmacêutica de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Receita da farmacêutica Denise Polato, de Juiz de Fora, Minas Gerais
Receita da farmacêutica Denise Polato, de Juiz de Fora, Minas Gerais
Eduardo Uchôa
CONHEÇA A ESPÉCIE
Chapéu-de-couro, a planta, nada tem a ver com um chapéu de couro pra valer. Mas a textura áspera, há quem diga, lembra mesmo a da pele curtida de animais, por isso a associação.
Chapéu-de-couro, a planta, nada tem a ver com um chapéu de couro pra valer. Mas a textura áspera, há quem diga, lembra mesmo a da pele curtida de animais, por isso a associação.
¿¿ Nome científico: Echinodorus grandiflorus.
¿¿ Nomes populares: chapéu-de-couro, chá-mineiro, chá-do-pobre, chá-do-brejo, chapéu-de-coiro, erva-do-pântano, erva-do-brejo, chá-da-campanha.
¿¿ Onde é encontrada: Cuba, sul do México, América Central, Colômbia, Venezuela e Brasil, com exceção da região Nordeste.
¿¿ Características: possui folhas simples, com 20 a 30 centímetros de comprimento, e flores brancas, dispostas acima da folhagem. É tida como uma erva daninha que cresce a torto e a direito em várzeas e na beira de lagoas. Muita gente a cultiva como planta ornamental.
¿¿ Nomes populares: chapéu-de-couro, chá-mineiro, chá-do-pobre, chá-do-brejo, chapéu-de-coiro, erva-do-pântano, erva-do-brejo, chá-da-campanha.
¿¿ Onde é encontrada: Cuba, sul do México, América Central, Colômbia, Venezuela e Brasil, com exceção da região Nordeste.
¿¿ Características: possui folhas simples, com 20 a 30 centímetros de comprimento, e flores brancas, dispostas acima da folhagem. É tida como uma erva daninha que cresce a torto e a direito em várzeas e na beira de lagoas. Muita gente a cultiva como planta ornamental.
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